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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Uma vida coerente – Fé e obras - Tg 2. 14 - 26

Em minha adolescência estudei em um colégio cristão, onde tinhamos cultos todas as semanas. O encarregado de tocar as musicas na hora do culto, um rapaz contratado pela escola, um dia me surpreendeu ao chegar nervoso à procura de um colega meu para ``acertar as contas´´. Ele dizia: La na Igreja é uma coisa, aqui fora é outra! A incoerência entre o que se confessa dentro da igreja e a maneira que se vive fora da igreja é algo que ao longo dos anos tenho visto repetidas e vezes e em diversas situações. E o pior, em muitas situações vejo essa incoerência em minha vida.

Para então combater essa incoerência, Tiago escreve a seção de Tg 2. 14 - 26. que com as nossas obras obras devemos mostrar aquilo que cremos. Em primeiro lugar Tiago mostra A incapacidade da salvação em uma fé sem prática (v. 14 - 17) O Sentidos de ``fé´´ para Tiago no texto é Aderência às doutrinas do Cristianismo, uma profissão de Fé em Deus e em Jesus Cristo (2. 1) – A pergunta que é feita Qual é o lucro de uma fé sem obras? – nenhum! Pois não se perecebe a salvação dos que não externam a obra interior da fé. A pergunta retórica de Tiago: Pode, acaso, semelhante fá salva-lo? tem um contundente NÃO! Em seguida ele passa a dar um exemplo prático (v. 15 - 16) – Não estender a mão à carência material de um irmão necessitado. Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos é equivalente a dizer: tenho fé que tudo vai melhorar pra você! Palavras bonitas que expressam indiferença para com a responsabilidade. A Inutilidade das palavras, dizer coisas bonitas não atende a necessidade. Qual é o proveito disso? Do que adianta expressar uma intenção e que não se intenciona cumprir? Como acreditar que por somente confessar Jesus como salvador, mas não colocar em pratica aquilo que ele nos ensina e mesmo assim ter certeza da salvação? Isso pode ser visto em pessoas que não possuem compaixão para com a necessidade do próximo como Jesus possuia. Pessoas que querem distanciam de se envolverem com a necessidade do próximo, por isso dizem ide!. Pessoas que retém aquilo que pode ser repartido com o próximo para beneficio próprio.Por não querer cair no erro do Espiritismo e do Catolicismo não devemos negligenciar a pratica das obras, externar a nossa fé Jesus. E até entre os chamados evangélicos temos visto uma tremenda incoerência, isso especialmente na Teologia da Prosperidade que chamam multidões de pobres e em vez de ajudar, tiram o pouco que tem e depois os despedem em paz. Mas o que Tiago quer mostrar sobre obras vai além das obras de beneficência, o exemplo que Tiago dá é do que é feito em ralação ao próximo, mas o que realmente se entende por obras é a necessidade da pratica da obediência a Deus em todas as aéreas da nossa vida.

Em segundo lugar Tiago mostra que as obras confessam a fé (v. 18 - 19). E para mostrar isso ele cria um dialogo entre um cristão genuíno e um cristão nominal. O confronto na verdade é entre a fé viva X fé morta. Ou incoerência de negar a fé com as obras e a coerência de mostrar a fé com as obras. Como o próprio Jesus afirma que se conhece a arvore pelos frutos (Mt 7. 16 – 17). Alguem poderia então ficar satisfeito simplesmente com a confissão de crer em Deus, Tiago então mostra que isso é uma fé que não tem vida. Devemos ter sempre em mente a importância de se estar atento ao que confessamos e a maneira como se vivemos. Há um constante olhar sobre nós. Amigos, vizinhos e familiares incrédulos. Que olharão para nós e conhecerão aquilo que cremos através das nossas atitudes.

Um exemplo que se pode dar é de Cristãos que crêem no Céu, a morada final do povo de Deus. Mas vivem uma incoenrecias no modo de viver. Porque consideram está vida como se fosse o maior tesouro que possam ter. Porque viver amontoando tesouros na terra? As nossas obras devem ser de amontoar tesouros celestiais. A nossa vida aqui deve ter essa coerência, não somente dizer que acreditamos, mas, devemos pagar um preço para demonstrar com obras aquilo que acreditamos.Só confissão não basta, porque até os demônios crêem em Deus e até tremem. Os demônios também confessam que só há um Deus!

Em terceiro lugar Tiago mostra que as obras consumam a fé (v. 20 - 26). Ele mostra isso com dois exemplos, o de Abraão e o de Raabe. Sem querer dar nenhuma chance para os hipócritas Tiago no v. 20 demonstra sua indignação e não quer deixar nenhuma sombra de duvida sobre a inutilidade de uma confissão vazia. Por isso chama o homem hipócrita de insensato, alguém que é desprovido de valores espirituais. O primeiro exemplo de Abraão (v. 21 - 24). Abraão é o símbolo máximo de orgulho, tanto judeos como cristãos sentem orgulho ao dizer que são descendentes de Abraão, seja de sangue ou espiritual. Ao mostrar a ´´obra´´ de Abraão em obediência a Deus Deus requer de Abraão seu filho, o filho tão esperado. Abraão obedece a voz de Deus entregando seu filho. (Gn 22. 12, 18).

Talvez aqui haja um aparente conflito entre Tiago e Paulo. A justificação pela fé apresentada por Paulo, mostra Abraão sendo justificado antes do pedido de sacrifício de Isaque (Gn 15. 1 – 6; Rm 4. 3; Gl 3. 6). O que Tiago diz é que a justificação se consumou pelo ato de obediência no monte Moriah. O que Calvino diz é importante para esclarecer o aparente conflito ``Devemos entender o que está em foco, pois a disputa aqui não é a respeito da causa da justificação, mas somente o valor da fé sem obras e o que devemos pensar sobre isto. Os que tentam usar esta passagem para provar a justificação pelas obras comentem um absurdo, pois não é esta a intenção de Tiago. Seu ponto, ao apresentar argumentos, é que uma fé morta não tem obras que a acompanhem. Ninguém jamais compreenderá o que Tiago diz aqui, nem poderá julgar justamente as suas palavras, se não mantiver diante dos olhos o objetivo do autor´´

Abraão realmente cria na promessa de Deus de levantar um povo mais numeroso que as estrelas do céu. Hb 11. 17 – 19. Ele acreditava em Deus ao ponto de fazer tudo o que Deus pedisse. Para ele, Deus ressuscitaria a Isaque, se o menino fosse sacrificado. A fé cooperou com as obras, as obras por sua vez consumaram a fé de Abraão. O ato de Abraão, deu um sentido completo à sua fé, todos viram que Abrão iria às ultimas conseqüências por sua crença em Deus. A fé produz obras e as obras aperfeiçoam a fé. Abraão creu no Senhor, e isso foi imputado para justiça. Não que fosse uma profecia em Gn 15. 9, mas que no Monte Moriah foi comprovado o que Deus disse sobre Abraão no passado. Isso fica mais claro na parafrase do Dr. Augustus no v. 24 - Então, verificais que uma pessoa demonstra que é justa pelas obras, como foi com Abraão, e não somente por uma declaração vazia de fé. O segundo exemplo é o de Raabe, a meretriz. Tiago certamente escolhe Raabe para mostrar como o mais ilustre dos personagens do passado e uma quase anônima, oriunda de uma profissão desonrosa, também precisavam das obras para mostrar a fé. A obra de Raabe foi a de ajudar os emissários de Josué (Js 2. 1 – 14) Em ato de obediência a Deus podendo pagar com a própria vida. Quando Fé e Obras andam juntas temos vida – e não é como um corpo estendido no chão, que sem o espírito não pode fazer nada. Da mesma forma uma fé confessada que não reage aos estímulos externos, é uma fé morta.

Todos temos a obrigação de cosumar a nossa fé. Em varias ocasiões da nossa vida somos confrontados com situações que exigem de nós essa consumação da fé. Mostrar que realmente somos justificados em Cristo Jesus. Devemos mostrar nossa fé no trato com o próximo, oo abrir mão de coisas valiosas por amor a Deus e no o arriscar a própria vida por amor a Jesus Cristo.

Concluindo. Nós precisamos de coerência nos nossos passos. Antes de conhecer Jesus andávamos em direção oposta a Deus. Depois de conhecer Jesus andamos em direção a Deus. Jesus traz coerência à nossos passos. Não podemos dizer que estamos andando em direção a Deus e ao mesmo tempo ver que nossos passos estão nos levando para o inferno.

2 comentários:

Geazy Liscio disse...

Este estudo foi ministrado Quarta-feira, 22 de Setembro de 2010, na PIPRV.

Geazy Liscio disse...

@BandaCrombie -
"Gestos simples falam de quem nos conduz.